Sinopse: O projeto de escultura visa dar continuidade ao assunto de criação de espaços de conforto/intimidade (assunto abordado já em trabalhos anteriores ). O objetivo central é a criação de casulo/igloo numa matéria que me traz conforto e memória , o açúcar . A utilização do açúcar como matéria que em redução a 180C passa a caramelo. Como ja referido , o objetivo é levar o espectador a inserir-se dentro de um espaço , e com isso leva-lo a diferentes experiências sensoriais . A principal é adquirida através do olfacto , o cheiro intenso do caramelo e a transparência que a matéria oferece. O objeto é sustentado por um esqueleto em arame e caramelo, vertendo o mesmo sobre a estrutura criando formatos orgânicos e espontâneos . O peso da peça final pode variar entre os 20-30kg.
Desenvolvimento :
A forma da peça suscita uma aproximação com “a casa” , um espaço de conforto , onde a memória e a intimidade tem um papel fundamental e que são adquiridas ao longo de cada vivência . Neta instalação em particular, são articuladas vivências e memórias de uma infância doce e marcante . Essa marca é caracterizadapela utilização da matéria principal - O Açúcar . A utilização desta matéria na escultura prende-se com o facto de trazer memórias de casa , de uma infância presente e de uma figura paterna igualmente presente que serve de referencia e inspiração . O formato de igloo , conhecido também como casa de neve é um abrigo construído com blocos de neve , normalmente construídos quando a neve consegue ser fácil e suficientemente compacta. Os igloos são uma forma de construção habitacional , usados com mais frequência na região do Ártico central e Canadá . Usavam a neve para isolar as casas . A neve era usada como isolante térmico, graças a presença de bolhas de ar. Na parte externa, a temperatura pode ser tão baixa quanto -45 °C, mas no interior a temperatura pode variar desde -7 °C a 16 °C quando aquecido apenas com o calor do corpo. Desta forma , o igloo serve como abrigo e habitáculo , não é feito de neve contudo é suportado por um esqueleto de arame e vertido o caramelo sobre a mesma . Esta pequena estrutura tem como objetivo dialogar directamente com o público , isto é a possibilidade de se inserirem dentro da estrutura por tempo indeterminado . Levando por adquirir o cheiro do Carmelo mais intensamente . Trata-se igualmente de um espaço efémero , na qual a matéria ( o caramelo ) devido às suas propriedades vai derretendo , deixando a sua marca . Com o tempo o açúcar acumula-se no chão , e formam-se poças amarelos , deixando a sua marca de presença . Essa marca no chão interessa-me particularmente . Saúda a audição e olfato e com o tempo o açúcar deixa de transparecer um cheiro agradável e, passa para uma composição de açúcar velho , um cheiro podre . De repente passamos de um cheiro familiar , doce e encantando para açúcar que não pode ser consumido . Provocando desta forma um reflexo de náusea em vez de fome , uma digestão criada pelo consumo de açúcar. Assim , pretende-se que o espectador forme momentos variados na exposição desde do cheiro agradável às náuseas que pode vir a provocar . O objetivo é , uma vez que a instalação seja encerrada, a presença permanecerá de alguma forma. Que as pessoas se lembrem de algo lendário que aconteceu . O açúcar faz parte do nosso mundo desde sempre .
Referencias:
Mario Merz (1925-2003)
Nicole Andrejevic ( pip and pop´s)
Kara Walker
Lynda Benglis
"Sweetness and Power: The Place of Sugar in Modern History "(1985) Sidney W. Mintz